"Cansado de estar nas alturas, desci deliberadamente até o nível mais baixo, à procura de novas sensações. O que o paradoxo era para mim na esfera do pensamento, tornou-se para mim a perversidade na esfera da paixão. Por fim, o desejo era uma doença, ou uma loucura, ou ambas. Tornei-me descuidado em relação à vida dos outros. Retirava prazer daquilo me agradava, e continuava. Esqueci-me que todas as pequenas ações do dia-a-dia constroem ou destroem uma personalidade, e que, portanto, aquilo que se fez no segredo do quarto terá um dia que ser dito em voz alto no topo dos edifícios. Deixei de ser senhor de mim. Já não era o comandante da minha alma, e não o sabia. Permiti que tu me dominasses e que teu pai me assustasses. Terminei em horrível desgraça. Agora, só há uma coisa para mim, nesta altura, a absoluta Humildade; tal como já só há uma coisa para ti, também a absoluta Humildade. Teria sido melhor que descesses até o pó e aprendesses a meu lado."
- De Profundis.
[Me falta tempo; depois termino com mais alguns dos meus excertos preferidos. Mas lembrando sempre que nada no mundo substitui a leitura desse livro, e a respectiva interpretação e compreensão, ainda que limitada, de tamanho sofrimento.]