quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

+ existencialismo

"Nós não somos
o que fizeram de nós,
mas sim o que fazemos
do que fizeram da gente".

(Sartre)

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

o maior tormento do homem

A memória é o maior tormento do Homem

Pensa no rebanho que passa ao teu lado pastando: ele não sabe o que é ontem e o que é hoje; ele saltita de lá para cá, come, descansa, digere, saltita de novo; e assim de manhã até a noite, dia após dia; ligado de maneira fugaz por isto, nem melancólico nem enfadado. Ver isto desgosta duramente o homem porque ele vangloria-se da sua humanidade frente ao animal, embora olhe invejoso para a sua felicidade: pois o homem quer apenas isso, viver como animal, sem melancolia, sem dor; e o que quer entretanto em vão, porque não tem quereres como os do animal.

O Homem também se admira de si mesmo por não poder aprender a esquecer e por sempre se ver novamente preso ao que passou: por mais longe e rápido que ele corra, a "corrente" corre junto. É um milagre: o instante em um átimo está aí, em um átimo já passou, antes um nada, depois um nada, retorna entretanto ainda como um fantasma e perturba a tranqüilidade de um instante posterior. Incessantemente uma folha se destaca da roldana do tempo, cai e é carregada pelo vento - e, de repente, é trazida de volta ao colo do homem.

Então, o homem diz: "eu me lembro"; e inveja o animal que imediatamente esquece e vê todo o instante realmente morrer imerso em névoa e noite e extinguir-se para sempre. Assim, o animal vive a-historicamente; ele passa pelo presente como um número, sem que reste uma estranha quebra.



'Segunda Consideração Intempestiva'